Técnica da Emater-MG é reconhecida por premiação nacional na área de agricultura familiar

Conteúdo Principal

Técnica da Emater-MG é reconhecida por premiação nacional na área de agricultura familiar

Submitted by Anônimo (não verificado) on
Fundação Bunge escolhe trabalho desenvolvido no Vale do Jequitinhonha na premiação de 2019
Publicado em:

BELO HORIZONTE (11/7/2019) - O trabalho desenvolvido pela técnica da Emater-MG do município de Itinga, no Vale do Jequitinhonha, recebeu o reconhecimento de um dos prêmios mais prestigiados do país. A extensionista Márcia Alves Esteves foi uma das contempladas com o Prêmio Fundação Bunge 2019. Ela foi escolhida na área de Ciências Agrárias – Agricultura Familiar, na categoria 'Juventude', voltada para pessoas com até 35 anos de idade.

A profissional da Emater-MG – empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) - foi escolhida por causa dos trabalhos voltados para o bem-estar e a segurança alimentar das famílias em situação de vulnerabilidade social. “Eu fiquei muito surpresa quando recebi a notícia. Foi uma emoção muito grande. Fui indicada pela minha gerência na Emater para concorrer ao prêmio. É a consolidação de um ciclo, não só pelo lado profissional, mas também pessoal”, afirma Márcia.

O Prêmio Fundação Bunge foi criado em 1955 para incentivar a inovação e disseminação de conhecimento, reconhecer profissionais que contribuem para o desenvolvimento da cultura e das ciências no Brasil, além de estimular novos talentos. Desde sua criação, já foram homenageadas cerca de 200 personalidades, entre elas os escritores Jorge Amado e Ruth Rocha, o arquiteto Oscar Niemeyer e o médico e pesquisador Carlos Chagas Filho.

A cerimônia de entrega dos prêmios de 2019 será realizada no dia 7 de outubro, no Teatro do Sesi, em São Paulo. Além do reconhecimento público, Márcia Esteves será agraciada com uma medalha e irá receber a quantia de R$ 60 mil.

Imagem removida.

Histórico

Filha de agricultores familiares do Vale do Jequitinhonha, Márcia Esteves conhece bem as dificuldades da região do semiárido mineiro. Em 2004, concluiu o ensino médio profissionalizante, na Escola Família Agrícola Bontempo, em Itaobim. Quatro anos mais tarde, ingressou na Universidade Federal de Minas Gerais, onde cursou Ciências Biológicas.

O sonho de contribuir para a redução das desigualdades regionais foi um motivador para que iniciasse a carreira na Emater-MG, onde está há dez anos. Seu trabalho é focado na implantação de tecnologias sustentáveis de baixo custo, para facilitar a vida dos agricultores, e também na segurança alimentar das famílias.

“Com certeza minha história influenciou muito no meu trabalho. Eu cresci neste meio. Meu pai sempre foi muito envolvido com o associativismo. Tenho um compromisso profissional e pessoal de contribuir para o desenvolvimento das pessoas e da região, que não tem muita alternativa de produção, por ser muito seca. Quero ajudar a superar os desafios”, diz.

Pecuária e alimentação escolar

No escritório da Emater de Itinga, são atendidos anualmente cerca de 600 agricultores familiares. Um dos destaques do trabalho da técnica é com a pecuária mista, voltada para a produção de leite e corte. Tudo começou com o foco na alimentação dos animais, com a produção de silagem para fornecer ao gado no período da seca.

Depois houve um incentivo para a participação dos agricultores nos eventos do programa Pró-Genética, do governo estadual, que facilita a aquisição de animais de alto valor genético por pequenos e médios pecuaristas. “Outro ponto foi o aumento de projetos que fizemos para a aquisição do crédito rural do Pronaf. Cresceu muito a aplicação de crédito no município na área de pecuária”, explica. Com o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), os produtores recebem orientação técnica da Emater na elaboração de projetos produtivos e podem investir os recursos adquiridos, com resultados efetivos.

Outra ação relevante no município foi a inclusão dos agricultores familiares no Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). O programa garante que 30% dos recursos para a merenda escolar sejam destinados à compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar. “Quase ninguém participava do Pnae quando comecei a trabalhar no município. Não conheciam o programa ou não acreditavam nele”, comenta Márcia Esteves.

Ela conta que começou um longo trabalho de conscientização com os produtores e também nas escolas públicas de Itinga. “Conversamos com os agricultores com potencial de fornecer alimentos para o programa. Também houve um trabalho com as escolas, para que adquirissem produtos da região. Fizemos ainda uma ação de reeducação alimentar com os alunos, com auxílio de uma nutricionista. Eles não tinham costume de comer produtos regionais na merenda escolar”.

Como resultado, o número de produtores que passaram a fornecer alimentos para o Pnae nos últimos anos passou de cinco para 40 agricultores familiares. Eles comercializam tapioca, maracujá, hortaliças, manga, acerola, biscoitos e outros produtos. A técnica priorizou a inclusão de jovens rurais nas ações desenvolvidas, fortalecendo o processo de sucessão familiar no município. Também houve uma grande participação das mulheres, principalmente com a criação de pequenas agroindústrias para o processamento de alimentos. “Foi um trabalho de ponta a ponta que está beneficiando muita gente”, comemora.

Além do trabalho com a alimentação escolar, a técnica da Emater-MG também atua para incluir os agricultores de Itinga no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal, que prevê a compra de alimentos da agricultura familiar para doação a entidades socioassistenciais, restaurantes populares e banco de alimentos. Márcia Esteves também foi uma das colaboradoras para a implantação da Feira Livre municipal.

Além do prêmio da Fundação Bunge, a técnica já foi vencedora regional por duas vezes do Destaque MelhorAção, concurso da Emater-MG que tem objetivo de reconhecer as melhores iniciativas desenvolvidas pelos seus funcionários. As ações precisam ter resultados significativos na rotina da unidade de trabalho da empresa ou para seus clientes. Em ambos os casos, ela concorreu com trabalhos voltados para soluções de convivência com o semiárido no meio rural.

Compartilhe via: